Justiça mantém Suel como réu no caso Marielle e ele será julgado pelo Tribunal do Júri
A decisão foi unânime na Primeira Câmara Criminal e confirma a pronúncia de Maxwell, que era sargento do Corpo de Bombeiros, também pelos crimes de tentati...

A decisão foi unânime na Primeira Câmara Criminal e confirma a pronúncia de Maxwell, que era sargento do Corpo de Bombeiros, também pelos crimes de tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves e de receptação. Maxwell Corrêa, o Suel, sargento do Corpo de Bombeiros do RJ e amigo do policial reformado Ronnie Lessa Reprodução O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) negou recurso apresentado por Maxwell Simões Corrêa, conhecido como "Suel", e manteve a decisão que o leva a julgamento pelo Tribunal do Júri no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Segundo o processo, Suel foi responsável por guardar o veículo usado no crime, monitorar Marielle antes do assassinato, entre outros crimes. A defesa pediu para que o crime de receptação do veículo não fosse associado aos "crimes dolosos contra a vida", do caso. O Ministério Público foi contra esse argumento. A decisão judicial observou que "nesta primeira fase do procedimento, não se exige um juízo de certeza quanto à autoria e culpabilidade com base na valoração da instrução criminal, pois esta compete ao Júri Popular, sob pena de nulidade por invasão de sua competência". A decisão foi unânime na Primeira Câmara Criminal e confirma a pronúncia de Maxwell, que era sargento do Corpo de Bombeiros, também pelos crimes de tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves, assessora de Marielle que estava no veículo quando ela morreu, e de receptação. No recurso, a defesa de Suel buscava anular a decisão de pronúncia alegando que ele não tinha conhecimento do plano criminoso e que sua participação teria se limitado a ações sem ligação direta com os homicídios, como a guarda de um veículo clonado. Também pediu o declínio de competência para uma Vara Criminal comum, alegando que o crime de receptação não teria conexão com os homicídios, além de solicitar a revogação da prisão preventiva ou sua transferência do sistema prisional federal para o estadual. Porém, o colegiado acompanhou o voto da desembargadora Katya Maria de Paula Menezes Monnerat, relatora do caso, que considerou haver prova da materialidade e indícios suficientes de autoria, conforme exige a legislação para essa fase processual. Segundo a decisão, há elementos que indicam que Maxwell teria auxiliado moral e materialmente os executores do crime, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, participando de atos preparatórios, como a vigilância da rotina de Marielle e a guarda do veículo utilizado na emboscada. Após o crime, ele também teria colaborado na eliminação de provas. Segundo a denúncia, Suel foi responsável por: ✅ Guarda e manutenção do veículo clonado (um Chevrolet Cobalt prata) que foi utilizado na emboscada para matar Marielle e Anderson. ✅ Participou, junto com Ronnie Lessa e Edmilson "Macalé", da vigilância da rotina de Marielle, monitorando seus deslocamentos nos bairros da Tijuca e adjacências, o que permitiu aos executores definir o momento ideal para o ataque. ✅ No dia seguinte ao crime, ajudou a trocar as placas do carro utilizado na empreitada criminosa e a se desfazer de parte das cápsulas de munição que haviam ficado dentro do veículo. ✅ Auxiliou na destruição do veículo, que foi levado para desmanche, a fim de eliminar provas. ✅ Após a prisão dos executores, continuou prestando apoio financeiro à família de Élcio Queiroz, um dos executores, inclusive contribuindo com o pagamento dos honorários advocatícios da defesa. ✅ Segundo trechos de uma das delações premiadas, Suel também participou de uma tentativa anterior de ataque a Marielle, que não foi concretizada porque, na ocasião, o carro apresentou problemas mecânicos. ✅ Além disso, foi mencionado que Suel teria conseguido as placas clonadas que foram colocadas no veículo usado no crime. Diferenças nos relatos de Élcio e Ronnie sobre Suel Em outubro, os dois executores de Marielle e Anderson foram condenados. O ex-policial militar Ronnie Lessa, o autor dos disparos naquela noite de 14 de março de 2018, recebeu a pena de 78 anos e 9 meses de prisão. O também ex-PM Élcio Queiroz, que dirigiu o Cobalt usado no atentado, foi condenado a 59 anos e 8 meses de prisão. O depoimento de Élcio de Queiroz é considerado fundamental na construção da acusação contra Suel, justamente porque ele implica diretamente Maxwell Simões Corrêa nas fases de preparação, execução e ocultação de provas do crime. Élcio descreve Suel como alguém que participou ativamente da guarda do carro clonado, da vigilância da rotina de Marielle e, inclusive, relata que Suel esteve com eles no bar Resenha, logo após o atentado, chegando a comentar sobre problemas mecânicos do veículo utilizado na ação. Por outro lado, o outro delator, Ronnie Lessa, em sua versão, minimiza ou omite a participação de Suel, não o citando como parte do núcleo executor do crime. Esse contraponto entre as versões foi destacado pela defesa de Suel como elemento que deveria afastar sua responsabilização. No entanto, para o Judiciário, o relato de Élcio, por ser detalhado, coerente com outras provas e confirmado por elementos externos, foi considerado suficiente para, ao menos nesta fase de pronúncia, reconhecer a existência de indícios suficientes de autoria e manter Suel como réu no processo. Caso Marielle chega ao julgamento depois de 6 anos e 7 meses